terça-feira, 7 de abril de 2015

A admirável humilhação de Cristo.



Na Carta do Apóstolo São Paulo à comunidade de Filipos encontra-se a mais antiga e explícita confissão de fé na divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Fl 2,6-11); onde Ele, o homem das dores, humilhado, o Senhor diante de quem se dobram todos os joelhos, é a Pessoa que dá razão de ser à nossa existência.
Cristo é o humilhado de Deus. Seu coração é aberto no alto da Cruz, numa liberdade sem fim, própria de alguém que “não se valeu da sua igualdade com Deus”. Pelo contrário, diferentemente de nossos primeiros pais _ Adão e Eva_, que queriam usurpar a glória de Deus, querendo tornar-se “iguais a Deus”. Eis o segredo de sua humildade e chave para a vida nova de todo ser humano: fazer-se semelhante aos homens.
De outro modo, observamos que o próprio homem, numa busca desenfreada de realizações deixa de ser homem, se instrumentaliza e coisifica. Se o desejo do coração do homem é grande, deve começar por reconhecer sua humanidade, que, mesmo carregada de limitações, é o espaço da habitação e da cooperação de Deus: “Aquele que te criou sem ti, não quer te salvar sem ti”, conclamou o Doutor da graça, Santo Agostinho. Em outras palavras, podemos dizer a partir deste hino, que, Aquele que criou o homem feito carne, não quer redimi-lo a não ser pela carne, isto é, pela aniquilação de Jesus Cristo feito homem, carne e salvação.
Ao aniquilar e esvaziar-se, Cristo já mais deixou de possuir a natureza divina; o que Lhe aconteceu foi de abandonar a glória e a majestade, próprias de sua união humano-divino; união misteriosa e muitas vezes incompreensível aos nossos olhos e ao nosso entendimento.
O ápice da humilhação de Cristo é a sua obediência que o levará à morte de Cruz (cf. Fl 2,8). Na cruz não há sombra e nem vestígio de escuridão, nela tudo fica transparente; até Deus mesmo, pois, é com o Cristo suspenso, atrativo para os corações dos homens sedento de Deus, que a humanidade ira perceber o Deus que é amor. A humilhação de Cristo foi algo sempre crescente, algo que concorreu para o ápice de sua entrega, de seu esvaziamento. Cristo foi subindo de humilhação em humilhação até a cruz. Feito homem, feito escravo, feito obediência, feito amor até o fim!

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