Na
Carta do Apóstolo São Paulo à comunidade de Filipos encontra-se a mais antiga e
explícita confissão de fé na divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Fl
2,6-11); onde Ele, o homem das dores, humilhado, o Senhor diante de quem se
dobram todos os joelhos, é a Pessoa que dá razão de ser à nossa existência.
Cristo
é o humilhado de Deus. Seu coração é aberto no alto da Cruz, numa liberdade sem
fim, própria de alguém que “não se valeu da sua igualdade com Deus”. Pelo
contrário, diferentemente de nossos primeiros pais _ Adão e Eva_, que queriam
usurpar a glória de Deus, querendo tornar-se “iguais a Deus”. Eis o segredo de
sua humildade e chave para a vida nova de todo ser humano: fazer-se semelhante
aos homens.
De
outro modo, observamos que o próprio homem, numa busca desenfreada de
realizações deixa de ser homem, se instrumentaliza e coisifica. Se o desejo do
coração do homem é grande, deve começar por reconhecer sua humanidade, que,
mesmo carregada de limitações, é o espaço da habitação e da cooperação de Deus:
“Aquele que te criou sem ti, não quer te salvar sem ti”, conclamou o Doutor da
graça, Santo Agostinho. Em outras palavras, podemos dizer a partir deste hino,
que, Aquele que criou o homem feito carne, não quer redimi-lo a não ser pela
carne, isto é, pela aniquilação de Jesus Cristo feito homem, carne e salvação.
Ao
aniquilar e esvaziar-se, Cristo já mais deixou de possuir a natureza divina; o
que Lhe aconteceu foi de abandonar a glória e a majestade, próprias de sua
união humano-divino; união misteriosa e muitas vezes incompreensível aos nossos
olhos e ao nosso entendimento.
O
ápice da humilhação de Cristo é a sua obediência que o levará à morte de Cruz
(cf. Fl 2,8). Na cruz não há sombra e nem vestígio de escuridão, nela tudo fica
transparente; até Deus mesmo, pois, é com o Cristo suspenso, atrativo para os
corações dos homens sedento de Deus, que a humanidade ira perceber o Deus que é
amor. A humilhação de Cristo foi algo sempre crescente, algo que concorreu para
o ápice de sua entrega, de seu esvaziamento. Cristo foi subindo de humilhação
em humilhação até a cruz. Feito homem, feito escravo, feito obediência, feito
amor até o fim!
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