quarta-feira, 8 de abril de 2015

A Igreja vive da e na Eucaristia


Cardeal Orani João TempestaArcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ) 

O Concílio Ecumênico Vaticano II reafirmou o conceito de Eucaristia como sendo a fonte e o ápice da vida cristã. Uma expressão muito rica de significados. Dando assim à Eucaristia seu valor dinâmico e cósmico. Podemos dizer que dela tudo nos vem e nela tudo ganha consistência. É o canto do livro do Apocalipse, pois a Eucaristia é a própria presença consumada e resumida de todo o mistério cristão. Dom supremo que alimentou e continua a alimentar tantas vidas e a vida de tantos santos, sobretudo os mais ativos em nosso tempo e também nos tempos passados. Com esta afirmação do Concílio Vaticano II, podemos até dizer que toda a vida cristã, quando vivida em autenticidade e plenitude é profundamente eucarística, pois, como bem nos lembrou o Papa São João Paulo II, “a Igreja vive na Eucaristia e através da Eucaristia”.
A Eucaristia é o cume e a fonte da Igreja, seu centro fundamental. Tudo veio do Pai, tudo a Ele retorna como um cântico espiritual. Tudo Nele ganha consistência. E este laço de amor trinitário se mostrou visível na vida do Filho amado de Deus, a Verdadeira e Única Eucaristia do Pai.
O padre De Lubac percebe que é válido ainda hoje o adágio da Igreja antiga: “Lex orandi instituit Lex credendi” (A lei da oração constitui a lei do crer), em palavras simples, a Igreja crê naquilo que ela reza e como ela reza. Neste sentido, o padre De Lubac observa que quase todas as orações eucarísticas antigas trazem sempre o sentido de uma dinâmica ao seu interno, que pede que tanto o pão quanto o vinho transubstanciados sejam a causa de nossa real transformação no Corpo de Cristo, que é a Igreja. Esta intuição permitiu ao padre De Lubac distinguir e aprofundar a própria noção de Eucaristia e de Igreja. A Eucaristia, na compreensão da Igreja antiga era mais mística e espiritual. O termo místico, que, naquela época não possuía o mesmo significado que hoje lhe atribuímos, fazia ver a Eucaristia como um dom autêntico de Deus, capaz de nos colocar em relação profunda com Deus.
Estes termos e conceitos do primeiro milênio tornavam possível perceber o claro sentido e a função da Eucaristia, que era a de nos conduzir para a nossa transformação, a transformação de nossa humanidade no corpo de Cristo.
Ao vivermos mais uma quinta feira santa quando celebrarmos a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio é uma ocasião para aprofundarmos ainda mais em nossa vida a comunhão com Cristo e com os irmãos.

 Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB
http://www.cnbb.org.br/outros/dom-orani-joao-tempesta/16216-a-igreja-vive-da-e-na-eucaristia


terça-feira, 7 de abril de 2015

Namoro .... sem sexo???




 
 A Igreja também está a favor da sexualidade da origem natural da vida. O sexo acompanhado do prazer não é um tabu ou algo vergonhoso, mas sim, um dom divino que deve ser corretamente direcionado ao amor e à vida. Homem e mulher tem livre arbítrio que é capaz de dominar os instintos sexuais e cultivá-los para que haja o amor fértil. O sexo no matrimônio é uma fonte maravilhosa de alegria e de paz. É preciso escolher: ou você controla suas paixões ou elas dominam você.
Muitos casais lamentam o sucumbir das tentações da sexualidade. Eles procuraram só o prazer, deixando-se guiar pelo capricho tornando-se difícil ordenar a vida matrimonial, se é que não fracassaram.
-E como a Igreja entende a sexualidade? – “Entende que a sexualidade dentro de uma antropologia bem concebida é um meio de expressão, de relação interpessoal, com doação de amor e de fecundidade, e quando se nega isso, está se negando a sexualidade há algo muito limitado e muito parcial.”
-Mas! E a minha liberdade? Sou mais livre dormindo com quem eu quiser ou dominando meus instintos com a castidade? – “É mais livre quem sabe conduzir seus desejos e levá-los ao bem e a perfeição pessoal, por isso, o papel da virtude da castidade é reorientar sem anular nada, é dar a pessoa toda à expressividade do amor, mas dirigida a finalidade própria da sexualidade”.
A sexualidade tem duas dimensões: a primeira é a afetiva, própria do namoro; a segunda é a conjugal, reservada ao matrimônio, pois, só no matrimônio o ato sexual se torna expressão coerente da doação total do corpo e da alma. Deus deseja que a entrega do corpo espere até que se tenha entregado a vida inteira, depois do casamento. É importante que você guarde essa virgindade!
Esperar! É realmente possível evitar as relações sexuais antes do casamento? -“A castidade antes do matrimônio pode ser vivida em toda sua grandiosidade. Ao viver a castidade antes do casamento demonstra que queremos esperar por esse momento e decidimos começar essa aventura juntos; uma aventura que vai durar a vida toda.”
- Ma, essa espera por muito tempo do sexo não diminui o amor? -“Ao contrário; o sexo antes do casamento nos afasta de Deus e da pessoa com quem estamos nos relacionando, porque é intrinsecamente egoísta e prejudicial a ambos.” Muitas vezes o homem só procura prazer e a mulher se entrega a ele para não ser abandonada. Assim não há igualdade, mas sim uma dependência que pode ser convertida em chantagem para Ela.
As relações pré-matrimoniais provocam diversos problemas: a principal delas é a gravidez indesejada. É freqüente o aborto neste grupo de pessoas que não tem compromisso verdadeiramente estável, sendo muito mais freqüente a promiscuidade e conseqüentemente as doenças sexualmente transmissíveis, já por outro lado quem vive a castidade não tem nada a temer diante destas circunstâncias.
O pudor e a modéstia na forma de se vestir e de comportasse ajudam a viver a castidade, realça a beleza e a personalidade e atraem aqueles que não procuram garotas fáceis e é muito importante que elas saibam disso. O melhor caminho é lutar para viver a castidade desde antes do casamento. Para isso deve-se contar com sacrifício, nobreza e lealdade no amor.
- Por que a castidade é tão importante para Deus? – São Paulo nos explica “Nosso corpo é templo do Espírito Santo, não se pode abandonar as paixões como fazem os pagãos que não conhecem Cristo. Viver esta virtude é uma afirmação de gozo, ela abre as portas da insondável plenitude do AMOR.”

Marcos e Alda Bahia

A admirável humilhação de Cristo.



Na Carta do Apóstolo São Paulo à comunidade de Filipos encontra-se a mais antiga e explícita confissão de fé na divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Fl 2,6-11); onde Ele, o homem das dores, humilhado, o Senhor diante de quem se dobram todos os joelhos, é a Pessoa que dá razão de ser à nossa existência.
Cristo é o humilhado de Deus. Seu coração é aberto no alto da Cruz, numa liberdade sem fim, própria de alguém que “não se valeu da sua igualdade com Deus”. Pelo contrário, diferentemente de nossos primeiros pais _ Adão e Eva_, que queriam usurpar a glória de Deus, querendo tornar-se “iguais a Deus”. Eis o segredo de sua humildade e chave para a vida nova de todo ser humano: fazer-se semelhante aos homens.
De outro modo, observamos que o próprio homem, numa busca desenfreada de realizações deixa de ser homem, se instrumentaliza e coisifica. Se o desejo do coração do homem é grande, deve começar por reconhecer sua humanidade, que, mesmo carregada de limitações, é o espaço da habitação e da cooperação de Deus: “Aquele que te criou sem ti, não quer te salvar sem ti”, conclamou o Doutor da graça, Santo Agostinho. Em outras palavras, podemos dizer a partir deste hino, que, Aquele que criou o homem feito carne, não quer redimi-lo a não ser pela carne, isto é, pela aniquilação de Jesus Cristo feito homem, carne e salvação.
Ao aniquilar e esvaziar-se, Cristo já mais deixou de possuir a natureza divina; o que Lhe aconteceu foi de abandonar a glória e a majestade, próprias de sua união humano-divino; união misteriosa e muitas vezes incompreensível aos nossos olhos e ao nosso entendimento.
O ápice da humilhação de Cristo é a sua obediência que o levará à morte de Cruz (cf. Fl 2,8). Na cruz não há sombra e nem vestígio de escuridão, nela tudo fica transparente; até Deus mesmo, pois, é com o Cristo suspenso, atrativo para os corações dos homens sedento de Deus, que a humanidade ira perceber o Deus que é amor. A humilhação de Cristo foi algo sempre crescente, algo que concorreu para o ápice de sua entrega, de seu esvaziamento. Cristo foi subindo de humilhação em humilhação até a cruz. Feito homem, feito escravo, feito obediência, feito amor até o fim!

O que devemos fazer para alcançar a santidade?




O que fazer para alcançar a santidade? A resposta pode parecer bastante óbvia e simples, mas o que devemos fazer é amar com caridade sobrenatural.
Em primeiro lugar, o que é santidade? É a configuração do nosso coração ao coração de Cristo. Uma pessoa está no caminho de santidade quanto mais o seu coração se vai conformando com o de Cristo, a ponto de ela chegar ao estado de perfeição em que chegou São Paulo, quando disse: "Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim".
A pessoa santa tem um coração que palpita em sintonia com o coração de Cristo e este, por sua vez, é ardente de amor-caridade. Neste ponto, ajuda-nos São Tomás de Aquino, explicando que existe uma diferença entre o amor natural e o sobrenatural. O amor natural é aquele da própria natureza humana: amam-se os filhos, os pais, o seu cônjuge etc. Esse amor pode ser abusado, transformando-se em idolatria. Entra, então, a necessidade do amor sobrenatural. A diferença deste para aquele está no objeto formal. A quem se pode amar, com amor sobrenatural? A Deus, a mim mesmo e ao próximo: esses são os objetos materiais do amor. Mas, não basta amar a Deus com amor natural: para amá-Lo sobrenaturalmente, é preciso amá-Lo por causa d'Ele mesmo, ou seja, sem querer nada em recompensa, sem ficar pensando em seu próprio bem, mas "numa total determinação e desejo de contentar a Deus em tudo, (...) procurar, o quanto pudermos não ofendê-lo", como diz Santa Teresa de Ávila. Da mesma forma, como quando se ama a si mesmo e ao próximo: deve-se fazê-lo por um único objeto formal, que é Deus.
Nisso consiste o amor. E é crescer nesse amor o que nos fazer crescer na santidade. Algumas pessoas pensam que a santidade significa fazer coisas heroicas, mas o Aquinate, em um de seus escritos, esclarece que, na realidade, não é o árduo em uma obra o que nos torna santos, mas a caridade. Se fazemos uma pequena obra – a oração de uma Ave-Maria, por exemplo –, mas a fazemos com caridade ardente por Deus, estamos empreendendo algo muito mais valioso do que se lançássemos o nosso corpo às chamas ou déssemos todos os nossos bens aos pobres, mas os fizéssemos sem caridade.
De nada adianta, no caminho da santidade, transformar-se em um faquir, fazer grandes sacrifícios, mas se esquecer da caridade. É a caridade que dá forma a todas as virtudes, diz São Tomás. Se a caridade estiver ausente, de alguma forma essas virtudes serão deformadas.
Para ser mais santo, portanto, só existe um caminho: amar a Deus de forma ardente, sincera. Santa Teresa de Ávila, em seu Castelo Interior, recorda que é isso o que se deve fazer para entrar nas moradas interiores:
"Para aproveitar neste caminho e subir às moradas desejadas, o essencial não é pensar muito – é amar muito. Escolhei de preferência o que mais vos conduzir ao amor."
"Talvez nem saibamos o que é amar, o que não me espanta. Não consiste o amor em ser favorecido de consolações. Consiste, sim, numa total determinação e desejo de contentar a Deus em tudo, em procurar, o quanto pudermos não ofendê-lo e rogar-lhe pelo aumento contínuo da honra e glória de seu Filho e pela prosperidade da Igreja Católica."
Eis acima, em poucas palavras, o que devemos fazer para ser mais santos.

Padre Paulo Ricardo – Diocese de Cuiabá

MISSA: ESTRUTURA E SEUS ELEMENTOS






I. Estrutura geral da Missa
Na Missa ou Ceia do Senhor, o povo de Deus é convocado e reunido, sob a presidência do sacerdote que faz às vezes de Cristo, para celebrar o memorial do Senhor ou sacrifício eucarístico. A esta assembleia local da santa Igreja se aplica eminentemente a promessa de Cristo: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou Eu no meio deles” (Mt 18, 20). Com efeito, na celebração da Missa, em que se perpetua o sacrifício da cruz, Cristo está realmente presente: na própria assembleia congregada em seu nome, na pessoa do ministro, na sua palavra e, ainda, de uma forma substancial e permanente, sob as espécies eucarísticas.
A Missa consta, por assim dizer, de duas partes: a liturgia da palavra e a liturgia eucarística. Estas duas partes, porém, estão entre si tão estreitamente ligadas que constituem um único ato de culto. De fato, na Missa é posta a mesa, tanto da palavra de Deus como do Corpo de Cristo, mesa em que os fiéis recebem instrução e alimento. Há ainda determinados ritos, a abrir e a concluir a celebração.

Leitura da palavra de Deus e sua explanação
Quando na Igreja se lê a Sagrada Escritura, é o próprio Deus quem fala ao seu povo, é Cristo, presente na sua palavra, quem anuncia o Evangelho.
Por isso as leituras da palavra de Deus, que oferecem à Liturgia um elemento da maior importância, devem ser escutadas por todos com veneração. E embora a palavra divina, contida nas leituras da Sagrada Escritura, seja dirigida a todos os homens de todos os tempos e seja para eles inteligível, no entanto a sua mais plena compreensão e a sua eficácia são favorecidas por um comentário vivo, isto é, a homilia, que faz parte da ação litúrgica.